quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
Segregando o inseparável
No entanto, não havia desespero...Nem sequer a menor paúra dentro de mim, apenas o prazer de me sentir envolvida aos poucos e deixar-me levar. Deixe-me, estou me completando.
O céu parecia querer cair em cima de mim e me enrolar como um lençol branco. A areia da praia estava coberta de passos...de pessoas que nem conheço, mas que agora pareciam me suportar, me apoiar. Aos poucos, cada coisa fazia sentido...
A areia, o céu, o mar, o vento... Mas, de repente, nada mais fazia sentido. Não sabia de mais nada, só que ali estava.
Piaf
Paradoxos
Leve-me
Se me ignorares
Exponha-me
Se me humilhares
Adore-me
Se me mal tratares
Estime-me
E se me quiseres matar
Ama-me
A cada passo em falso teu
Verei perfeição
Cada palavra de maus tratos
Verei veneração
E quando tudo acabar
Quando finalmente me fores indiferente
Minha vida encontrará o caminho
Trôpego, longínquo e imutavel
Me encontrarei, solitariamente.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Humor
Me traz a saudade
Me acaba com a grana
Me faz comer grama
Me faz mais poeta
Me faz ter carinho
Pois mude, vaidade!
A rima é com dor.
A gana por cama
Tem bem mais sabor.
Pateta e sozinho
É que rima o amor.
domingo, 28 de dezembro de 2008
Nada de Mais
Passei a semana planejando sobre o que eu poderia discorrer e... NADA! Era incrível, mas pensar estava sendo aterrorizantemente difícil.
Então parei, juntei um aglomerado de palavras estranhas e pouco usuais e fiz um poema. Sem emoção, sem sentido, mas recheado de frases complicadas e ao final nada tinha dito.
E isso tudo me fez entender como as palavras sem sentimento têm o cruel poder de não dizer nada. Havia escrito uma página e não tinha dito absolutamente NADA!!!!
Desesperei-me...
Comecei uma crônica sem saber até onde iriam os meus pensamentos, findei o texto e vi que eles não tinham ido a lugar algum.
Depois de inúmeras folhas rabiscada, rasgada, rascunhadas. Após dizer, desdizer e dizer de novo. Depois de brigar, me xingar, me desesperar... Vi que coisa alguma adiantou!
Cheguei a uma conclusão que neste momento acalenta a minha alma: não precisamos nos forçar a fazer algo que não queremos. Escrever é uma forma sublime de exteriorizar o que se sente, o que se pensa. É uma transcrição do ser. São as alegrias, as tristezas, o vazio que nos impulsiona a escrever.
Hoje vejo que estou sentindo apenas o NADA DE MAIS. O que escrever quando se sente nada de mais?
Este texto explica?!!
Carlos Drummond de Andrade
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Auto-piedade
Causo em todos os que
Um dia já gostaram de mim,
Sem o cuidado com aquilo que cativo.
Enquanto aquela por quem vivo,
Sem fazer questão enfim,
Mostra o porquê:
Amor.
Frouxa
Explicação.
Não sou correspondido.
Não devia tratar, portanto,
Como rainha, quem não merece meu pranto.
E a quem merece, negar libido.
Óbvia constatação:
Sou trouxa.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
versinho acanhado...
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Palmas e vaias
O palhaço que vos fala também
domingo, 7 de dezembro de 2008
Telos-Tele-Tela
Sentei na frente do computador, estralei os dedos, estiquei a coluna, abri o programa de textos, e me deparei com uma tela fria, limpa e branca. A sensação não é diferente de todas as vezes que escrevo como obrigação. Uma certa apatia, vontade de fazer outras coisas, levantar, tocar violão, tomar banho, arrumar o quarto, acompanhar as notícias do esporte, ler poesias, ah, coisas interessantes para se fazer não faltam, mas estou aqui na frente desta tela e tenho que enfrentá-la. É um enfrentamento,que de físico tem muito pouco. Tá certo que meu corpo se movimenta, meus dedos se alvoroçam tocando as teclas pretas, minha pernas cruzadas nos tornozelos se movem freneticamente como uma borboleta, minha cabeça curvada levemente para esquerda parece cair sobre o ombro – talvez pra deixar melhor descer as idéias. Mas fora isso, nada mais é físico nesta escrita. As letras se registram em um arquivo virtual, e o arquivo, exceto se você não salvar o documento e acontecer alguma infelicidade como a falta de energia, ficará gravado ali virtualmente. Você poderá até torná-lo físico imprimindo, mas em origem ele não é assim. Comecei com essa queixa porque a forma de escrever, entendo, imprime a trajetória da escrita. No papel diretamente, com uma caneta, é bastante diferente. Alguns até já acham arcaico, ou estão simplesmente abatidos pela crise cibernética de não conseguir escrever sem a mediação do PC. De qualquer forma, mesmo não sofrendo de tal crise, somos todos afetados por esse elemento – o PC – que não somente mudou nossa forma de escrever, mas a nossa forma de se comunicar, ou seja, é um bichinho que adentrou profundo na epiderme comunicativa que interliga um sujeito ao outro. Um dia desses saíamos de casa - dois amigos e eu - e por coincidência todos receberam ligações ao mesmo tempo - sacamos os aparelhinhos e disparamos a falar sozinhos andando de um lado para o outro. Logo que desliguei o celular pensei: há pouco mais de dez anos essa cena provocaria um estranhamento absurdo. Hoje é banal, as pessoas falam sozinhas através de seus aparelhinhos, enquanto outras pessoas falam sozinhas do outro lado, é a mágica da contradição tecnológica: todos interligados, todos solitários. Podemos achar os “amigos” a qualquer momento, é só procurar, mandar um e-mail, um scrap no Orkut, entrar no MSN para encontrá-lo se estiver online, ou se for íntimo e tiver o número, discar para o celular, e está ali, a comunicação que em outros tempos era impossível se faz, sob o toque da varinha mágica da tecnologia. E assim, mal precisamos sair de casa, ou como diria um funk não sei de quem, mas certamente de alguém dotado de absurda criatividade, “ado, ado, ado, cada um no seu quadrado”. Em casa, na segurança do lar, livres das possíveis ameaças de um mundo fundado nas contradições sociais, nós, da inventada classe média, sopramos a bolha, como quando crianças, mas ao invés de deixá-la voar, entramos dentro dela e nos limitamos por suas escorregadias paredes.
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
MEU NÃO MOMENTO. PARA O MUNDO UM POEMA
Os momentos que desejo
fossem realizados agora.
Para que depois,
se posso não querê-los mais.
A vida existisse para mim.
Minha é,
Para que não servir-me e dar-me prazer?
A vida fosse toda uma
Só,
Para o INDIVÍDUO todo,
Um só!
Não em partes,
Em migalhas,
Em restos,
Ou, ou, ou,
Sobras, sombras...
Não se satisfaz a Voracidade do ser.
Mas ainda assim,
que os momentos desejados se realizem
não por mim,
não por ti,
não por ninguém mais.
Mas, só e simplesmente,
Que aconteçam por ELES MESMOS.
A grandiosidade desta vida
É “feita” de momentos
E se eles não ocorrerem,
Independentemente de qualquer mísero ou supremo desejo,
A VIDA DEIXA DE EXISTIR.
Uss
Sítio, 10h 57min, 3-8-2008.
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Um líquido quente
Bebe de um gole ínfimo da tontura nebulosa e constante.
Cai em meio a sonhos de amplidão e delírio
Com o estado de absoluto vazio!
O corpo some, afundado no solo que o concebeu
A pele cai devastada em pragas
Os ossos quebram...
A vida encontra um reino lívido e distante de tudo...
(...)
A vida morre!
sábado, 14 de junho de 2008
Cultura
Fui produtor e apresentador de um programa na Rádio Universitária no ano de 2007; programa pretensamente cultural, onde eu e meus co-editores enaltecíamos a velha guarda do "forró da seca" (Luís Gonzaga, Jackson, Marinês e cia.) em detrimento da "música comercial e parasita" que é incutida no gosto popular. No entanto logo percebi que nem o próprio jornalismo é capaz de trazer uma discussão ampla sobre Cultura; popular, de massa, multiculturalidade... quem quer saber de algo tão abstrato e pouco útil à vida cotidiana? Enfim, após uma dura crítica que fiz durante o Rota Nordeste (esse era o programa), recebi outra de volta: "e as pessoas que vêm aqui para curtir o forró de Calcinha Preta e Saia Rodada, dançar ao som do forró (dito) eletrônico?". São gente sem cultura? Que cultura? A da erudição ou relativo a costumes? Relativo à (re) produção simbólica ou às tradições? Cultura enquanto identidade? Ou enquanto cultivo (sentido original do termo)?
1 - Na verdade quem não tem cultura não existe... não há como o indivíduo viver sem cultura;
2 - Cultura não é erudição (não encha o peito para dizer que gosta de música clássica entre forrozeiros);
3 - Aviões, Calcinha, Saia e demais se constituem cultura sim... pelo menos pra milhões de ouvintes, que criam uma identidade comum em torno de músicas assim (não entendam isso como homogeneização);
4 - Cultura não é estudo... por favor, não vivemos mais no Brasil agrário;
5 - Eu escuto rock progressivo, hard rock e AOR cristão... nesse momento, nessa cidade, não compartilho minha cultura com ninguém, ou seja, estou numa redoma.
6 - A cultura é transcendental, principalmente nesse novo milênio. Portanto, ninguém me encha a paciência dizendo que eu só valorizo o que é de fora.
Não ficou claro? Não foi essa minha intenção mesmo... mas pensem melhor antes de criticar alguém por causa de gostos duvidosos. Esse alguém pode ter mais cultura que você. Bom, se me permitem, vou sacudir os cabelos que eu não tenho e tocar instrumentos imaginários ao som de Shout, viver minha cultura sem saber o que é cultura e sem dar a mínima para o que é cultura... eu gosto e pronto! Ô discussão sem futuro ¬¬'!...
Diabético?
O doce do meu sangue não é capaz de deixar minha vida com um grama sequer de açúcar, açúcar que alegra, que nos dá incríveis sensações de prazer.
Sem açúcar, apesar de tão doce. Um doce, que não provém do açúcar.
Açúcar de confeiteiro, açúcar mascavo, nada, entretanto, sangue doce.
Uma presença interna, forte, excessiva de algo que me é negado todos os dias externamente. Meu corpo tem dificuldade de cicatrização, as feridas ficam por muito tempo abertas, como tatuagens, machucando, externalizando o excesso de açúcar do meu sangue, e o fato de me ser vetado o consumo do doce. Sempre!
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Ser, ter ou parecer? Eis a questão...
Em qual escala você se encaixa?
Me peguei conversando com algumas pessoas e fiquei chocada com a capacidade de algumas delas enfatizarem tanto no Ter!
É incrível, mas existem também pessoas que se dedicam tanto ao Parecer que se tornam superficiais.
Não quero dizer que todos devam Ser, mas que essa seria a lógica mais congruente, afinal, Ter e expor isso de maneira estúpida, chega a ser desinteressante e cansativo, ou no Parecer as pessoas tornam-se mentirosas.
Prezo pela sinceridade dos conteúdos internos até porque fomos feitos de subjetividade que nos distingue dos demais, sem haver necessidade dizer que possui um determinado bem, só para demosntrar algum tipo de superioridade
Somos seres constituídos de opinião e muitas vezes não a demonstramos porque não cabe no contexto de demonstração materiais, ou tentativas de superioridade (muitas vezes mentirosas).
sexta-feira, 6 de junho de 2008
TEMPO...
A tempos, o tempo deixou de ser nosso aliado. Voltou-se contra nós! Não... Contra todos.
E o que estamos fazendo com o nosso tempo, com o tempo? E o com o tempo dos outros, o que fizemos? O que fazemos?
Talvez, não seja o tempo que insistentemente corre contra nós, mas o relógio. É o relógio e não o tempo que nos grita que tudo está acabando. Mas o que acabou? Como acabou?
Tudo é o tempo! É ele que cura, que sara, que corre...
O tempo está sempre presente, porque ele não pára!
Mas quanto tempo temos? Quanto... ainda nos resta?
PROPÓSITO UNICO
É certo que se deve tentar...
Mas como, concretismo realístico do agora
Discussão no que se tem que criar
Ou imaginar, induzir, elaborar a filosofia do amanha?
O hoje é imaginado em um sentimento de esperança
O desconfiar revela um realismo triste do que se espera
Dois pensamentos, duas idéias, um propósito
Qual o melhor? Qual se excluir?
O realístico do claro
Ou o utópico desejo?
Porque Discordar, é melhor si unir
AH, um mundo deveria ser assim...
quinta-feira, 5 de junho de 2008
Anagramas
Posso acreditar e ser o que quiser, posso ver as coisas exatamente como enxergo sem deixar de ser eu mesma. Posso fazer de todas as palavras anagramas perfeitos. Talvez porque perfeição para mim, é ser simplesmente eu mesma.
PIAF
terça-feira, 3 de junho de 2008
às vezes
penso! que serei bem sucedido, grandioso e conhecido por muitos.
sinto! ! que viverei no fracasso incapacitado e infeliz.
acredito! que serei igual a todos e diferente de tudo.
vivo! o presente e ele me vive, com uma força incontrolada.
sou feliz por tudo que tenho e infeliz pelo nada que possuo.
agradeço! pelo mínimo que sou e
lamento! pelo máximo que quero ser.
certo! ! ! que chegarei ao fim sem puder ter feito nada do que realmente quis ter feito.
e que morrerei com uma imensa vontade de ter feito tudo diferente.
Erotomania
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Como entender?
Como entender atitudes inconseqüentes de quem arranca os filhos de suas mães. Ontem João Helio, hoje, Isabella, amanhã será Maria, Joana, Francisco e todo dia um. Não se entende o motivo. Como aceitar? Com uma criança? E com um adulto?
Como entender atitudes impensadas dos filhos que mesmo próximos de suas mães, estão longe ou tão longe, mesmo perto?
Como entender a rejeição, o desapego, o abandono, o descaso e o desamor da humanidade?
Como entender a miséria, a violência, a fome?
Como entender que em país tão vasto, tão farto, tão belo, tão vivo, consegue conviver com tantas desigualdades, tantas sujeiras, tantas desigualdades, com a morte?
Não há como entender! São perguntas sem respostas, são respostas sem explicação, explicação sem sentido.
Mesmo sem entender, o que se sabe é que mudanças imediatas e radicais é preciso... Não se sabe como, onde, de que forma... Não se sabe!
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Sereia
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Para além
Busco um dia inebriante, mas não chato.
Busco pessoas solidárias, mas não viscosas.
Quero prazer, mas não satisfação.
Satisfação dá e passa e então nos deixa na imensidão da solidão.
Temo a solidão, mais do que a morte.
Temo o vazio, muito mais do que a ausência.
Ausência traz saudade, saudade é sentimento.
É querer ter, é a falta, é o buscar.
Eu busco.
PIAF(LORENA)
domingo, 25 de maio de 2008
A morte...
Mas se a morte fosse quente seria porque não há intencionalidade nem finalidade em viver, o caminho o qual o seu único fim seria ela, incontestável!?! Ou seria a sua frieza que toca em ultimo segundo a pele em vida e o seu calor seria sim significado da não morte, ou seja, vida.
Então posso dizer que não sinto a morte e sim a vida e o reflexo dela que tenta me avisar que ela se vai, dando tempo a mim, tempo este que será de vital importância para a manutenção da mesma.
Em segundos após sentir o calor desse sangue, entendo que é vida e não permito que se vá, e procuro mante-la dentro de mim.
sábado, 24 de maio de 2008
Quem sou eu?
Digo-lhe: sou brilhante como o Sol,
Vasta como o mar, leve como o orvalho,
Distante como as estrela, importante como o nécta
E sábia como os ventos;Se me dizes que sou complicada,
Digo-lhe: posso ser mais simples que as equações matemáticas,
As teorias econômicas e os pensamentos filosóficos de Sócrates;
Se pedires para ser mais explicita,
Peço-lhe para me imaginar como o sorriso de uma criança,
Como uma flor desabrochando, como o Sol nascendo;
Se tudo isso for pouco,
Insisto, imagine-se caminhando na praia,
Sentindo a brisa no rosto e a areia nos pés e escuta!
São as ondas do mar;
Mas se mesmo assim não conseguires saber como e quem sou, sugiro:
Pare e ouça, atentamente, o silêncio:
Vago? Inerte? Misterioso? Agradável?
Talvez eu seja assim: simplesmente INEXPLICÁVEL.