quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Ballad of Fallen Angel


A queda foi dura. Dolorosa.

Levantou-se. A mão, vermelha pelo atrito com o solo, latejava no mesmo ritmo das batidas do seu coração. A respiração fluía com dificuldade. No rosto, sujo de terra, escorria uma fina gota de sangue. Ele sangrava...

A dor na nuca só aumentava. Confuso, começou a olhar o cenário ao seu redor. Nada lhe era familiar. Não sabia onde estava e por que estava naquele lugar. Passou a mão pela testa, para enxugar o suor. Sentiu um corte perto do longo cabelo. A mão retornou rubra.

- Sangue?! Mas como...

Um arrepio atravessou-lhe o corpo. Seu rosto pálido voltou-se para as costas. Elas não estavam mais lá! O seu mais precioso tesouro!

Lembrou-se do que lhe ocorrera: A desobediência. A rebelião. A punição... Tudo estava claro agora.

Suas asas foram cortadas...

Agora, uma corrente de pensamentos lhe vinha à mente. Raiva, medo, culpa, tristeza... Perdera a liberdade, algo que tanto prezava. Só que todos estes se abriram, como numa roda, cercando a lembrança de uma frase do seu velho mestre:

- A sina dos anjos caídos é se tornarem demônios...

Um sorriso iluminou sua face...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Outra dose de lágrima

Sim. Eu quero um vício novo. Esse último já está me corroendo, me matando aos poucos e me transformando numa louca... O vício que todos querem, o vício que todos precisam eu adquiri e provei do seu doce mel...e me tornei diabética. Faz-me mal hoje. E fará a todos que não souberem dosar, portanto previno a todos. Antes que buscarem tal vício, pensem na dor mais fina e mais forte de uma faca perfurando sua garganta, para que os nós das palavras que você não disse possam sair...

Antes de buscarem esse vício, lembrem que secarão de tanto chorar...Farão força para sair uma sequer lágrima, nem que seja uma de crocodilo e de nada adiantará. Você ouvirá as musicas mais depressivas e se ientificar com um verso de cada uma, o que fará com que você as escute seguidamente...E fique fazendo as mesmas perguntas tolas de sempre...

Você não lembrará mais das coisas boas, e quando e se lembrar, vai querer chorar...e não vai poder...Vai lembrar do quanto mudou por esse vício e quanto ainda poderia mudar... Vai começar a hipotetizar tudo...Até o que poderia ter sido e não foi...

E a pior parte de todas, se ainda assim lhe oferecerem mais um dose desse vício, você a aceitará, nem que seja por mais um segundo de satisfação... É...o amor vicia...e pode matar.

"Você só me fez mudar
Mas depois mudou de mim"
Você pode ir na janela- Gram

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Anominado


Rabisco... Eu sujo as idéias que ainda não apareceram. Nesses riscos exponho o que há de mais impróprio. São as constatações de uma visão determinista e imutável da mudança.
O que é mais livre do que o ato de se expor? De se transformar? O que é mais livre do que ser a exposição do determinismo interno?!
Mostrar-se como nécta da vida, valorizar a aspereza das frustrações, machucar-se com a queda dos grandes saltos.
Ser livre é escrever palavras soltas no rabisco que é o ser humano, tentar decifrar a tempestade do ser que é a liberdade.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

UM POR QUÊ

As inconstâncias do mundo me sobressaem!
Não sei o que faço, nem sei fazer o que nem sei o quê.
São confusões, conflitos...
São tristezas, dor!
O que fazer para esquecer a dor, a dúvida?
Como dissipar o conflito?
Quando cessará a tristeza?
De que forma orientar minhas confusões?
Eu não sei. Ninguém sabe!
Preciso de remédio, de cura, de bússola.
Preciso de paz, de lenço.
Preciso de alegria e sorrisos
Preciso e nem sei como
Acho que sei sim o porquê dessa tristeza, desse tormento, dessa incerteza...
SOU EU!
Incrivelmente, preciso de mim!
De voltar-me a mim mesma, de me olhar, de me enxergar.
Saber disso, me dá a absoluta convicção que sei do que preciso,
Sei o que fazer e o porquê de tudo.
Mas como (...)?



Imagem:
http://tantodemim.blogs.sapo.pt/arquivo/duvida.jpg

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Bolero de Ravel: Tensão Dialética entre a Idealidade e a Realidade



Ouvindo a peça musical Bolero de Ravel minha consciência não foi afetada somente pela beleza estética desta obra de arte! Beleza que produziu em mim um certo êxtase de valor inefável. Ao ouvi-la meus sentidos sentiram um gozo e satisfação estética formidável.


Sim, não foi somente meus sentidos estéticos que foram afetados... Ao ouvir a música, a melodia da mesma, em seu constante eterno retorno e ritmo invariável e uniforme, foi se manifestando à minha consciência como se fosse um espectro fantasmagórico que a cada repetição ia ganhando solidez até se tornar como algo totalmente concreto diante dos meus olhos.

Eis que esta música afetou minha Razão de tal forma que apreendi na diversidade de toda aquela repetição a Essência Melódica. Diversidade esta, manifesta ora através dos sons de instrumentos de sopro, ora por meio dos sons dos instrumentos de corda, ora até mesmo por intermédio dos sons das vozes imitando as notas musicais. Eis que foi não somente sublime e belo, foi também inteligível. Porém, um inteligível ininteligível.

A melodia repete e repete várias vezes. Ela é a mesma sempre. Sempre no mesmo ritmo invariável. Teimoso! Persistente! Eloquente! E a cada vir a ser da mesma Idéia melódica, uma Existência Sonora totalmente Singular e Particular ganha Vida! A mesma idéia, tocada em tonalidades diferentes, por meio de instrumentos diferentes, aparece a cada instante de modo totalmente novo e irrepetível. Aparece como sendo uma realidade particular incomparável e altamente individualizada.

Eis então, nesta peça musical, a dialética da essência com a existência em que: o Um torna-se Muitos, o Eterno torna-se Temporal, o Mesmo torna-se Outro, o Ideal torna-se Real, o Universal torna-se Particular. E em toda a diversidade da aparição repetitiva desta pequena melodia, apreende-se então o Paradoxo Absurdo do Intelecto que concebe versus a Sensação que percebe. Absurdo porque não é possível realizar a síntese, ficando o reino do Intelecto em tensão constante com o reino da Sensação.

Enfim, o Bolero de Ravel gerou em mim não somente um sentimento e prazer inefável, mas também a captação inteligível da Absurda Razão. Eis que o Belo é Ilógico! Eis que a Idéia é Absurda! Pois como pode ela ser e não ser si mesma? Ahhh, isto vai contra as leis inexoráveis da Lógica! A Melodia existe. Ela está em todas as repetições. Porém, nenhuma das repetições é ela.

Johannes, em contemplação absurda da Beleza do Mundo.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Blues da Menina

Menina dos olhos cor-de-doce
Canto-lhe baixinho um Blues
Para sonorizar teu sono
Para trazer-lhe sonhos
e, talvez, amores.

Menina dos olhos cor-de-doce
Canto-lhe baixinho um Blues
Dedilhado n'alma
Onde as cordas da dor
Dão o tom. Dão o tom...

Menina dos olhos cor-de-doce
Canto-lhe baixinho um Blues
No compasso de teu coração
Lento, porém ritmado.
Belo, porém triste.


Menina dos olhos cor-de-doce
Amo-te, não nego
Mas só há como demonstrar-lhe isso
Cantando-lhe baixinho um Blues
Sussurado ao teu ouvido...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Mensagem instantânea


Desde o espaço entrecortado pela tela-tela, que me olha e te observa. Desde a dimensão entrecortada pela luz de um bilhão de cores a se juntar, imagem em tempo e verso, por onde expresso a voz do profundo, em toques sensíveis no teclado preto. Desde a memória irrecuperável - com a mão no queixo, calado, espero.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Pela Pena de Morte

À primeira vista pode parecer um comentário ao estilo ultraconservador elitista feito por um playboy que acabou de ser assaltado. Mas ao expressar tal idéia, não me refiro a criminosos de baixo escalão, emergentes das classes desfavorecidas (muito menos a mim mesmo como “playboy”)... Refiro-me a bandidos realmente perigosos, inescrupulosos e que respaldam suas exemplares atitudes na vontade popular: os políticos.

Seria injusto responsabilizar toda a classe pelos problemas sociais que nos estigmatizam. O célebre jornalista político, Franklin Martins sempre afirmou que apesar de haver um descrédito geral com relação aos políticos, existe, mesmo entre eles, uma grande disposição em melhorar a situação do país.

No entanto gostaria de agredir e fazer um clamor pela aplicação da pena de morte a alguns políticos interessados sobremodo em aumentar os dividendos bancários e a própria permanência no poder às custas da “soberania popular”, termo que eu nunca vi tão distorcido nos últimos anos. Segue a lista:

Cássio Rodrigues da Cunha Lima, vulgo Diabo da Paraíba, acredita (ou diz acreditar) que a decisão [unânime] do TSE pela sua cassação será revista [eu vi isso aqui]. Para os que estiveram mais alheios ao processo que durou 1 ANO E 6 MESES e até agora se arrasta, o motivo DESTA cassação foi a compra de votos em período eleitoral utilizando o famigerado cheque-moradia. A defesa alega que o recurso é previsto em lei e também no orçamento (ou seja, legalizaram a compra de votos). Sem entrar nos méritos jurídicos do processo, consideremos como justa a decisão unânime dos 7 juízes do TSE (não, ninguém com juízo compra um juiz federal que ganha muito mais do que sonhamos ganhar um dia, quanto mais sete!). Outro argumento da defesa, que se estende a muitos paraibanos, é que o governador que foi eleito pela “soberania popular” (1.003.000 - um milhão e três mil votos) não deve ter seu mandato extirpado pela justiça. Ora, considerando que 35 mil cheques da FAC compraram 35 mil famílias que devem ter em média 2 ou 3 integrantes (talvez mais) em condições de votar, imagine quantos beneficiados ajudaram a “soberania popular” a se consolidar.

Ainda se arrasta em instância inferior outro processo de cassação, desta vez pelo uso do jornal oficial do Estado, A União, como ferramenta eleitoreira (eu posso afirmar não só como jornalista, mas como amigo de outro jornalista que defendeu sua monografia em cima de um estudo científico feito sobre o conteúdo do referido jornal no período de julho a novembro de 2006, que Cássio usou sim o periódico como meio de se reeleger).

Cícero Lucena foi pego pela Polícia Federal com a mão na massa e saiu algemado de sua residência, logo após o fim mandato. O motivo foi o singelo superfaturamento de obras na Capital que permaneceram inacabadas (entre elas o canal do Bessa, que fica logo ali, atrás da minha casa). O pior é que esse elemento foi eleito senador do estado da paraíba (com minúsculas mesmo). – nesse momento quase sai um palavrão aqui –

Tá bom, isso já tem mais de dois anos, não adianta mais chorar. O que me faz defender a pena de morte para indivíduos assim é o fato de um imundo desse querer macular o atual prefeito, Ricardo Coutinho [acredite, eu vi isso aqui]. Cícero acha que tem moral suficiente para clamar ao Ministério Público Federal que investigue a atual administração. Se você acha isso coerente, por favor... – quase sai outro palavrão –

Já tomei muito o espaço do blog com esses picaretas, mas existem muitos outros: Eitel Santiago (que afirma não existir pistolagem na Paraíba... imagina...), Efraim Morais (um dos maiores adeptos da pistolagem na Paraíba... tá explicado...), Carlos Dunga (sanguessuga), Ney Suassuna (sanguessuga)... falando em sanguessuga, vocês sabiam que, à época, SEIS dos DOZE deputados federais paraibanos e um senador estavam envolvidos?

Talvez eles não mereçam a morte... talvez os eleitores paraibanos mereçam a morte. E estão pagando com a vida [literalmente] pela decisão equivocada. O Hospital de Emergência e Trauma vive em crise, os hospitais do interior servem de estábulo, a segurança policial no estado praticamente inexiste e o governo não negocia... pelo contrário, simplesmente fecha os olhos e ignora um problema que está nu à frente de todos!

É de matar!

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Acabou a bebida...
E a lucidez volta a me atormentar
As ilusões me abandonaram
E a realidade insiste em me assombrar.

Descobri que minhas lágrimas pesam mais que água com sal...