quinta-feira, 13 de agosto de 2009

(Com)Sequências


Um olhar
Um sorriso
Um carinho
Um beijo


Uma troca de olhares. Coisa parecida com aquele filme francês que você ama, mas que tem uma cena que você nunca entende. Essa é a cena. Algo despretensioso, acidental, sem começo, sem meio, sem fim. Apenas uma troca de olhares...

O sorriso vem depois. Surge "mecanicista". Quase uma obrigação. O simples ato de contrair e esticar músculos da face. Depois, larga a metalização e torna-se humano. Tão humano quanto podemos ser. Sai do frio e transforma-se em algo verdadeiro. Ai deixa de ser humano...

O carinho segue. A mão que acaricia a mão amada, que brinca com os cabelos, que roça o rosto (que ainda contém o sorriso "não-mais-humano" da etapa anterior), a troca de calor, de sensações... Que faz carinho ser carinho. Carinho de criança.

Surge o beijo. Molhado, seco, longo, veloz, roubado, "vagabundo", "principe", quente, frio, escondido, escancarado, timido, desinibido... Beijo.

Beijo, carinho, sorriso, olhar... e tudo se faz assim, belo e simples...


*Agradecimentos à Lorena pela ajuda na pesquisa de uma boa imagem...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Quanto pesa a morte de um trabalhador?




Tomba mais um - guerreiro de mão calejada, herdeiro desta luta.
Tomba mais um – filho esquecido do estado, destratado em desmedida.
Leva consigo o trabalho, e a pesada memória, de sua vida roubada.

Não será lido nos jornais, nem debatido nos bares,
É mais um que cai na vala do inconsciente coletivo,
Sepulcro da amnésia diária, da lembrança proibida, que nos entala à mesa,
E nos cega de melodramas e sonhos voláteis, com propaganda e sorrisos.

Amanhã pegaremos o ônibus, leremos um livro, compraremos pães, iremos a festas.
Engoliremos calados: a educação das fileiras, o destrato, e o aumento dos preços.
Sem que nos pese a morte, sem que nos pese a fome, sem que nos pese a dor.

Alheios à sua coragem, e de tantos outros, ouviremos um parecer técnico,
Uma análise sócio-econômica, uma mensagem bonita no programa matutino.
Choraremos por isso, e pelo final da novela, glorioso destino do moçinho.

Mas, não daremos lágrimas à sua morte.

Enquanto nós, frios corpos, urbanóides frenéticos a procura do melhor lugar na prateleira deste hipermercado de trabalho, buscamos um sentido, uma droga, um remédio pra depressão, um casamento, uma vida perfeita,
Outros pelejam a vida, dia a dia,
Negando o morrer constante,
A dignidade usurpada.

Levantam a cabeça – longe de nossa insensibilidade – alargam seus braços,
Atiram seus gritos, denúncias, sua força coletiva, sua incansável firmeza.
Destinam-se a enfrentar, corajosos, as encomendas de morte destes covardes de ternos, de posses e possessões.
Mil vezes Covardes! Que pra silenciar o povo, pagam por força e capuz, armadilha, escopeta, e tiro na nuca.

Tomba mais um - por manter seu punho erguido, e não minguar de febre ou fome.
Sofre o seu povo, com suas flores de luta e seu vermelho encarnado a tremular nas bandeiras.
Tomba mais um...
Quantos mais serão necessários? Para que nos canse a morte?
Quantos mais serão necessários? Para lutarmos em vida?

* sobre uma liderança do Movimento dos Atingidos por Barragens, executado numa emboscada em 29 de julho de 2009, em Pedro Velho, reassentamento dos atingidos pela construção da barragem de acauã, em Aroeiras – PB.
*vídeo sobre a situação dos atingidos pela barragem de Acauã - www.mabnacional.org.br/noticias/150609_video_acaua.html

domingo, 2 de agosto de 2009

Silêncio


[...]








































NADA!











































Agora só consigo escutar sua ausência de resposta.




























Eis que reina o silêncio.