segunda-feira, 8 de junho de 2009

Sereia


Vasta como as cachoeiras, suave como o orvalho
Néctar de todas as friezas, mística do orgasmo
É viscosa a sereia dos reclames alucinatórios
Na lucidez dos insensíveis lamentos compulsórios
Centenas de anagramas iludem o seu propósito
Elabora-se o realístico, saram-se os relógios
Numa tríade de subjetividade:
Amaríssima, fria e intocável
Veta-se à congruência da eternidade
Externada aos privilégios dos detrimentos culturais
Transcende a erudição, sacudindo a impaciência
Reparte os líquidos em doses ressurgidas
Ínfima, nebulosa, é lívida a tontura dos aventureiros
Eles se afundam em tantas pragas, que são deprimentes
Cultuam dilemas e emblemas, navegando inconscientes
Lendários náufragos que adormecem para sempre

Carlinhos Black

3 comentários:

Os literatas disse...

Mito das sereias, tão belas e tão perigosas...

Sua descrição foi perfeita, traçou uma imagem de inigualável beleza e perigo, mas o perigo que representam não é tão chocante...

“Ínfima, nebulosa, é lívida a tontura dos aventureiros”

“Lendários náufragos que adormecem para sempre”

Elas entontecem e fazem adormecer.


Texto sutil e denso de certa dramaticidade, e muito agradável de ler.



No mais... Seja bem-vindo!

Lunnäe Psï disse...

Black, seu texto é realmente interessante pelo seguinte, ele segue todo na base da descrição, não tem uma característica mto comum nos meus textos que são as rimas, mas ao mesmo tempo eu tive vontade de lê-lo de inicio ao fim sem interrupção, como se as idéias, mesmo separadas por parágrafo, não fossem distantes, assim como não são, uma frase depende da outra pra compreensão do todo.

Texto “muito agradável de ler” Como foi citada a cima.


Amei a imagem!

Xero!^.^

Sophia disse...

Que texto maravilhoso, rapaz!
Texto e imagem, complemento perfeito.

Meus parabéns e seja muitíssimo bem vindo ao grupo.