terça-feira, 21 de julho de 2009

Declaração Universal dos Seres Aleatórios


Alguns textos vem e vão na nossa vida. Esse constantemente surge para mim... Alguns conhecem...

Declaração Universal dos Seres Aleatórios


Somos do sol e de lua, mas podemos xingá-los.

Somos Headbangers, punks, goths, mas a música vizinha sempre atrai.

Somos Ateus apegados a Deus

Somos a sinestesia

Somos a bipolaridade

Somos a verdadeira esquizofrenia do mundo.

E talvez, a sua maior diversão

Não temos futuro, não temos dinheiro, mas temos bebida!

Somos frutos do acaso.

Filhos bastardos da vida, e sem direito a herança!

Nas nossas veias não correm sangue, correm dados

Padrão genético de nossa aleatoriedade.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Ausência

Ente da realidade sensível,
Procuro-te com meus olhos,
Ávidos e ansiosos para te encontrar.
Mas, em todo lugar,
O que vejo,
O que percebo,
O que apreendo
É apenas a ausência de ti.
Examino toda extensão do Ser,
Do ser sensível da minha realidade.
Mas, em nenhuma parte,
Eu consigo encontrar-te.
Como podes não-ser?
Se até agora a pouco eras?
Mistério que consome minh'alma.
Que sob o peso do nada, desaba.
Não consigo entender o porquê.
O porquê do ser pleno não me satisfazer.
O porquê do não-ser ser
Fonte de Melancolia,
Causa de Temor,
Motivo de Angústia.
Mas, o ente está aqui!
Está aí!
Está por aqui!
Mesmo eternamente sendo,
Em breve, desvanecerá como fumaça.
E tudo quando vou ver.
É a ausência de ti!
E mais um pouco, ausência de mim.
De um Mim que sempre foge,
Que escapa de mim.
Oh, que dialética cruel e generosa da vida!
Marca perene da existência,
Paradoxo absurdo que mistura
A dor e o gozo, o pesar e o prazer,
Na unidade sintética de meu ser.

Johannes Absente, 8 de Julho de 2009.

domingo, 5 de julho de 2009

A alucinação


Do anúncio:

Franze o aposento aos demais
Com presas miúdas e atemporais
Defronta e se capta nos terremotos
Nas dunas se tinge, fecunda aos remotos

Apalpa lobos, colore o jardim
Cerca nevoeiros, vestindo cetim
Rompida esbelta, a sombra confronta
O que alvoroça os pardais pela zona

Ela se reserva entre obscuros planos
Que são eminentes dos punhais profanos
Num ato espalhafatoso, é breve o reboliço
Das testemunhas distraídas desse precipicio

Sem pudor, aviso ou qualquer vergonha
Vinda dos vermes latentes, enfadonha
Encravada como gramínea, apetece
Instigada naquilo que perece

Sedenta, pálida, encarnada e hostil
A alucinação me é sóbria e sutil

Carlinhos Black

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Noite de Inverno

Olhe em volta e veja
nada volta no final
É tudo um grande erro
de quem ama e quer

Ela não é apenas mulher
é fruto do teu desejo
que, bruto e carnal,
parece chama acesa

Ó grande e fraco aprendiz
indeciso pequeno e roto
quão miserável é tua sina
se por ela não lutas mais

te perdes nos vendavais
ao saber que tua menina
por querer de um destino louco
é de outro, meretriz

olhe em volta e veja
nada foi, a final
se perdeu em vontades
grandes tentativas nulas

abertas as ruas rubras
se esvai em partes
e o fluido bruto e carnal
pelo chão se despeja