sexta-feira, 19 de junho de 2009

A Eterna Duração da Efemeridade.


Na infinita extensão da eternidade
O que é a vida de um ente finito?
Cujo existir essencialmente é um não-ser.
Um não-ser isto, um não-ser aquilo,
Mesmo sendo isto, mesmo sendo aquilo.
Efêmera é a vida, é como um sonho,
Mas, também como um pesadelo.
É um faustivo ou trágico impermanecer,
Um impermanecer no gozo e na alegria,
Um impermanecer na dor e na tristeza.
Vejam o presente! Tarde demais!
Eis que já se foi, é um passado.
Avista-se ao longe o Futuro.
Mas, ele é névoa de indeterminação.
Eu passei por aqui! Eu existi. Eu vivi.
Vivi momentos faustivos de contentamento.
Que elevaram ao êxtase a minh'alma.
Mas, todos estes momentos são não-ser.
Vivi momentos de pesar, angústia e vazio.
Que esmagaram com peso infinito meu coração.
Mas, todos estes momentos, também, são não-ser.
Toda existência é um eterno infindo perecer.
Perecem belezas,
Perecem nobrezas,
Perecem as dores,
Perecem os amores,
Perecem os sentimentos.
Que busca o ente finito?
Que insensata é esta busca inútil por existir!
A vida é toda ela feita de amor, ou seja, de gozo,
Ou seja, de dor.
Pois o que se ama perece, desaparece,
Pois o amar desvanece, se esquece.
Mas, só é dor, porque foi gozo.
Só é não-ser, porque foi ser.
Quem experimenta as plenitudes da vida,
Maximiza as angústias do vazio nas perdas.
Lamentar pra que? As coisas são o que são.
Algumas coisas duram mais,
Outras duram menos,
Mas, todas elas passarão do ser para o não-ser,
Para que o não-ser passe a ser.
E assim, infinda e infinitamente,
Gira a roda de Íxion por toda eternidade.

Johannes Absente, 19 de Junho de 2009.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Sereia


Vasta como as cachoeiras, suave como o orvalho
Néctar de todas as friezas, mística do orgasmo
É viscosa a sereia dos reclames alucinatórios
Na lucidez dos insensíveis lamentos compulsórios
Centenas de anagramas iludem o seu propósito
Elabora-se o realístico, saram-se os relógios
Numa tríade de subjetividade:
Amaríssima, fria e intocável
Veta-se à congruência da eternidade
Externada aos privilégios dos detrimentos culturais
Transcende a erudição, sacudindo a impaciência
Reparte os líquidos em doses ressurgidas
Ínfima, nebulosa, é lívida a tontura dos aventureiros
Eles se afundam em tantas pragas, que são deprimentes
Cultuam dilemas e emblemas, navegando inconscientes
Lendários náufragos que adormecem para sempre

Carlinhos Black