quinta-feira, 23 de abril de 2009

Uma viagem. Um ritual.


O primeiro passo foi comprar uma carteira de cigarro...

Eu não fumava havia mais de um ano, quando decidi acabar com meu vício. Não que eu tivesse ficado impressionado com aquelas campanhas de saúde contra o cigarro, mas a idéia de ter um pequeno tubinho recheado com uma plantinha mandando na minha vida não me agrada.

Naquele dia, comprei a velha carteira de Lucky Strike. O momento merecia...

Entrei em casa jogando minhas roupas no chão. Entrei direto para um banho demorado. Queria lavar qualquer vestígio dos problemas da minha vida. Mulher, trabalho, imposto de renda, trânsito, meu time... Que desçam todas pelo ralo e vão para a puta que o pariu! Enxuguei-me e fui até a cozinha. Tirei aquela garrafa de Jack Daniels e coloquei uma dose, sem gelo. Senti o cheiro e lembrei do meu pai. A noite seria também em homenagem aquele velho tarado. Perfeito, mas tarado...

Fui até a sala e tirei a preciosidade da embalagem. Passei os dedos ao redor, sentindo a textura, a profundidade dos arranhões, a capa destruida... tudo aquilo me dava um tesão enorme. Foi dificil encontrá-lo, mesmo com as facilidades da Internet. Dois anos... Dois anos! Mas a busca valeu cada gota de suor e cada redução do meu limite do cartão. Depois de namorá-lo por longos minutos, coloquei-o para tocar.

As primeiras notas preencheram o ar de maneira firme. Senti os pêlos do meu braço arrepiarem-se quando os primeiros acordes do Baixo chegaram ao meu ouvido. O dedilhado pulsante transmitia uma torrente de sentimentos inigualável. A guitarra, quase falando, contava-me suas esperanças, lamúrias, desilusões. Falava da mulher amada. A mulher cruel... O vozeirão, rouco, trazia à tona uma dor lancinante, quase insuportável. Aquela música devia ser a única maneira de expressar o que ele sentia. Uma bela maneira, devo dizer... A cada música daquele disco velho, um sentimento aflorava em mim. Raiva, paixão, ódio, alegria, nostalgia, amor... Eu me tornava a guitarra, o cantor e a dor...

Continuei ali sentado, sorvendo minha bebida e fumando meu cigarro. Podia passar horas ali. Na realidade, podia até morrer ali e nem notaria. Eu já estava acostumado com todo esse ritual...

A minha sexta sempre tinha um destino.


Eu sempre viajava pelo Blues...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

pelo amor de todos os amores


Pelo amor de todos os amores

Não coloque regras no amor.
Basta-nos de tantas leis
Que se por um lado nos
Leva ao instituicional
E momentaneamente certo
Também nos conduz a uma
Vida Abitolada.

Para que regrar algo tão bom.... e livre?
É!!! Possivelmente deve ser
Para a satisfação dos que não
Conseguiram amar verdadeiramente.

Dê-se ao amor, ame de todas
As formas, de todos os jeitos,
Mas não de todos os jeitos, como uma obrigação.
Ame da sua maneira.
Ame até a vontade de não amar.
Mas não imponha barreiras ao amor dos outros.
Pelo amor de todos os amores!!!

Ame o branco com o preto;
O fino com o grosso;
O belo e o feio;
Todos a apenas um e
Quem pode até este um a todos,
A todas, A estes, A aqueles,
Aos seus, Aos meus, Aos deles,
Aos meus de novo,
Ame-se ódio e o amor.
Ama-se a amar o ódio.

Ninguém ama porque quer.
Porque o outro quer. O outro que regrou.
Ama-se. Porque se ama.
Antes de qualquer coisa,
De qualquer pensar,
De qualquer agir,
De qualquer querer seu ou do outro.
Apenas, e pura, e simples, e
Essencialmente ama.
Porque não se amar de qualquer jeito
Se de todo jeito é amor???????????????USS


07-07-2007

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Formigueiro

Todo dia a formiguinha
Trabalha arduamente.
Carrega consigo folha
Do ofício e de papel.
Carrega também areia,
comida e o que mais acode.
Só não carrega amargura,
Pois pesa em demasia;
Muito mais do que aguenta
Com o suor do trabalho.

E seria ato falho,
Tal qual carga bolorenta,
Deixar de escrever poesia
Pra mais bela criatura,
Dando um tempo que não pode
A algo que só permeia
Se para de olhar pro céu
Sonhando com sua escolha:
Unida eternamente
À sua amada rainha.

Por Nelson Fordelone Neto - 06/06/2009 às 04:40AM